22 de setembro de 2010

Pessoas com deficiência: só 13% frequentam escolas

Diário do Pará
Amazônia, 21/09/2010

Para fazer o meio acadêmico refletir sobre os desafios institucionais da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, a Universidade da Amazônia realiza hoje o II Seminário Institucional sobre Inclusão na Educação Superior

Da Redação
Segundo o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 24,5 milhões de brasileiros com alguma deficiência, apenas 3,2 milhões frequentaram escolas. O número cai para 700 mil quando se trata de deficientes com idade entre 18 e 29 anos, idade média de ingresso no ensino superior.
Para fazer o meio acadêmico refletir sobre os desafios institucionais da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, a Universidade da Amazônia realiza hoje, Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, o II Seminário Institucional sobre Inclusão na Educação Superior. O encontro acontecerá, às 17h00, no auditório do campus Senador Lemos.
Durante o seminário, a fonoaudióloga Francisca Canindé Araújo ministrará palestra sobre “Processamento Auditivo: abordagens socioeducativas”. Em seguida, uma mesa redonda discutirá “Inclusão, cidadania e mercado de trabalho”, com representantes do Ministério Público Estadual, universidades, instituições de atendimento especializado, associações de portadores de necessidades especiais e empresas privadas. Representantes da Unama, UFPA, UEPA, UFRA, IFPA e Cesupa também falarão sobre a inclusão nas instituições de ensino superior.

2 de setembro de 2010

Hábitos que fazem mal ao ouvido

Como avaliar problemas de audição.

Você certamente já fez o tradicional teste das letrinhas para verificar se está enxergando direito. Mas será que já fez algum teste para saber se está escutando bem? Ao contrário do que ocorre com a visão, quando geralmente somos os primeiros a notar algo de errado, os problemas de audição costumam ser percebidos de imediato por quem convive conosco. Se sua família ou seus amigos reclamam que você sempre deixa o volume da TV alto demais ou que você vive gritando em vez de falar normalmente, é um indício de que pode haver algum problema. Se você acha difícil acompanhar uma conversa em um lugar que haja barulho, principalmente com mulheres ou crianças (que em geral possuem vozes mais agudas), ou não costuma escutar quando a campainha ou o telefone tocam, esses também são sinais de que algo pode estar errado. O ponto em comum nas situações descritas: você escuta, mas não consegue entender direito o que escutou. É o início da surdez.
Normalmente, a reação de uma pessoa que passa por isso é de resignação ou negação do problema, atribuindo a perda da audição ao envelhecimento ou a outro processo natural. “No Brasil, algumas pesquisas mostram que mesmo pessoas com fortes indícios de surdez, especialmente na terceira idade, demoram em média seis anos para procurar o médico”, diz o médico Luiz Carlos Alves Souza, presidente da Associação Brasileira de Otologia. Um dos principais motivos dessa demora é o preconceito que ainda existe contra a surdez e as questões auditivas. Enquanto os problemas de visão são socialmente aceitos e considerados normais – os óculos podem até mesmo dar um charme –, uma pessoa que utiliza o aparelho auditivo quase sempre é encarada como portadora de uma deficiência. Uma imagem equivocada, segundo os médicos. “Hoje em dia, quem procura o médico otorrinolaringologista tem acesso a diversos tipos de tratamento, desde medicamentos até aparelhos de audição miniaturizados que praticamente devolvem a plena audição aos pacientes”, afirma Souza.
Se você estiver perdendo a audição, um conselho dos médicos: quanto antes procurar a ajuda de um especialista, melhor. As perdas leves podem se agravar se não forem tratadas. As pessoas afetadas, além de ter a qualidade de vida prejudicada, são vítimas de diversos tipos de transtornos psicológicos que vão desde frustração, medo e vergonha até solidão, depressão e isolamento social, sobretudo quando os problemas aparecem de forma brusca na terceira idade.
Surdez congênita
A surdez é um dos problemas físicos mais freqüentes na população mundial. Segundo estimativas do Instituto Britânico de Pesquisas Auditivas, há no mundo 560 milhões de pessoas com dificuldades ou perda de audição, que costumam vir acompanhadas de zumbidos ou ruídos no ouvido, vertigem, dor de ouvido e outros sintomas. De cada 1 000 crianças que nascem, em média quatro sofrem de surdez congênita. No Brasil, estima-se que 15 milhões de pessoas tenham algum tipo de dificuldade em ouvir, sendo que 350 mil são totalmente surdas. “Cerca de 70% de nossos idosos sofrem de algum problema auditivo. A maioria são pessoas de baixa escolaridade e pouco poder aquisitivo”, afirma Souza. Mas, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Luterana do Brasil, em Porto Alegre, 26% dos entrevistados sofriam de alguma forma de diminuição na capacidade de ouvir independentemente da faixa etária.
A surdez pode resultar de várias causas. Algumas têm a ver com problemas na transmissão do som através do ouvido devido a algum bloqueio das ondas sonoras nos ouvidos externo e médio. Isso acontece quando o pavilhão (a “concha” que forma a orelha) ou o canal auditivo sofrem deformações, traumas, inflamações e tumores. Obstruções do canal por acúmulo de cera ou um crescimento anormal do osso na cavidade do ouvido médio também podem causar danos. A outra classe principal de problemas são os chamados neurossensoriais, em que a causa está no ouvido interno ou em outras estruturas centrais, como o nervo auditivo. Por fim, pode haver também casos que misturam tudo isso – o som tem dificuldade de atravessar o ouvido e também não consegue ser transmitido corretamente para o cérebro.
Muitas vezes, a surdez é congênita, ou seja, existe desde o nascimento. Sua causa pode ser hereditária ou não. Doenças da mãe na gravidez (como rubéola, sarampo, varicela, diabetes e alcoolismo), medicamentos que estavam sendo tomados e complicações de parto (nascimento prematuro, falta de oxigênio) podem deixar o bebê surdo.
Por trás de metade dos problemas auditivos congênitos há algum fator genético. A surdez é mais comum em certas famílias devido a alterações e mutações de determinados genes. Essas alterações no DNA são herdadas de um ou dos dois pais e podem ser transmitidas para os descendentes, o que explica a existência de famílias com vários membros que têm dificuldade de audição. Até agora os cientistas já catalogaram mais de 400 tipos de surdez hereditária, mas ainda se sabe muito pouco a respeito dos genes que as provocam. Na última década, os geneticistas localizaram mais de 100 deles e descreveram a estrutura de 50 fragmentos genéticos que causam problemas em nível celular e bioquímico, principalmente na cóclea. Os cientistas conseguiram informações úteis a respeito de dez deles. Um dos genes mais estudados é o Cx26, com mais de 60 alterações identificadas. Ele é responsável por 40% dos casos de surdez profunda congênita.
A versão sadia desse gene controla a síntese de conexina, uma proteína que tem um papel importante na comunicação celular. Outro gene, localizado no DNA das mitocôndrias – as centrais energéticas das células –, parece ser responsável por 20% das surdezes familiares suaves e severas. É o gene rRNA-12S.
Essa linha de pesquisa está permitindo a criação de testes genéticos para a detecção precoce da surdez em recém-nascidos de famílias com transtornos auditivos, assim como adotar ações educativas o mais precocemente possível. No caso de alteração no gene rRNA-12S, sua identificação pode inclusive prevenir o ensurdecimento. Seus portadores têm predisposição para desenvolver uma surdez profunda caso tenham sido tratados com tipos específicos de antibiótico. Evitando o contato com esses remédios, afasta-se o fantasma desse mal. “Conhecemos vários outros defeitos no DNA, além desses”, diz Souza. “Muito em breve esses testes serão de rotina na investigação da surdez infantil e mesmo em adultos, que podem desenvolver uma surdez genética mais tarde na vida.”
Teste da orelhinha
Não só de exames genéticos é feito o diagnóstico precoce da surdez ou de outros problemas relacionados. Hoje já está bastante disseminado o exame baseado em otoemissões acústicas – o “teste da orelhinha”. Um aparelho que emite sons de cliques é colocado bem próximo do ouvido do paciente. Os “ecos” que esses sons produzem ao atravessar a cóclea são captados por uma sonda e analisados por um computador. Dessa forma, é possível verificar se o ouvido interno está processando corretamente os sons que chegam até ele. “Como é um exame rápido e simples que não depende da colaboração do paciente, ele é ideal para detectar problemas auditivos em recém-nascidos”, diz Liliane Desgualdo Pereira, chefe do Departamento de Fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo. “Em várias cidades brasileiras, há leis que obrigam esse teste em todos os bebês. Apesar da sua alta eficiência e baixo custo (cerca de 40 reais), parece que essa foi mais uma das leis que não pegaram”, diz Souza.
As vantagens desse exame são enormes. Antes, só era possível detectar problemas de surdez em crianças a partir dos 2 ou 3 anos. Com as otoemissões acústicas, é possível realizar a verificação já aos 2 meses de idade. Essa diferença permite realizar o tratamento mais adequado, seja ele médico ou cirúrgico, tão rápido quanto possível, explica Liliane. “Se a criança não escuta direito, ela vai ter problemas em aprender a linguagem ou talvez nem mesmo consiga adquiri-la. Isso se traduz em dificuldades de relacionamento com outras crianças e adultos, o que acaba causando alguns problemas de comportamento.”
O diagnóstico precoce também ajuda a escolher a melhor forma de tratamento. Entre as principais opções nos casos mais avançados estão os aparelhos auditivos e os implantes cocleares. Os aparelhos para surdez são os mais conhecidos e, basicamente, são pequenos dispositivos eletrônicos com um microfone que capta os sons, um amplificador e um pequeno alto-falante que envia o som amplificado diretamente para o canal auditivo. 

ouvido absoluto

O que é ouvido absoluto?

por Texto Verena Ferreira

É a capacidade de perceber e dar nome a cada uma das notas que chega ao seu ouvido. E não estamos falando só de música: também vale sons vindos de buzina, chiados da natureza, vozes de animais, barulhos de máquinas... A explicação para esse dom não está no aparelho auditivo, mas na cabeça.Quem tem ouvido absoluto possui mais capacidade de receber e interpretar estímulos do lado esquerdo do cérebro, onde os sons são processados. “Neles, essa região é ainda mais ativa que em músicos”, diz Mauro Muszkat, neurologista da Unifesp.
Uma em cada 10 mil pessoas tem essa habilidade, mas os especialistas não sabem explicar ao certo por que ela ocorre. Alguns acham que é uma característica herdada geneticamente. Outros, que é um talento desenvolvido com muita dedicação e treino. Há os que acreditam, ainda, que todos nós nascemos com essa habilidade, mas, se não a utilizamos, a perdemos.
Apesar de se manifestar normalmente em músicos, leigos também podem ter ouvido absoluto. Nesse caso, as respostas são sensoriais: ele terá facilidade em armazenar e codificar tons e saberá instintivamente encontrar as notas em um instrumento, mesmo sem saber o nome delas.

Ruído para os ouvidos

Quando um ouvido absoluto faz a diferença
Jimi Hendrix
Sem grana para comprar um diapasão, ele foi a uma loja, dedilhou um instrumento aberto e afinou seu primeiro violão depois, em casa. No começo da carreira, aprendia todo o repertório de uma banda nova ouvindo as músicas uma única vez.
Aos 5 anos ele já tocava piano e compunha melodias inteiras. Seu pai, exigente, o obrigava a estudar sem parar. Seu ouvido absoluto lhe permitiu classificar o grunhido de um porco: era um sol sustenido.
Parte do seu mau humor vem de seu ouvido absoluto. Supersensível, João não tolera celular, cochichos na platéia, ar-condicionado barulhento ou caixas de som desreguladas – por isso mandou trazer técnicos do Japão para seus últimos shows no Brasil.
Quando era criança, transformava panelas, bacias com água e penicos em instrumentos afinadíssimos. Em um de seus discos, Hermeto deu uma de Mozart e utilizou porcos para criar novas sonoridades.
Em:http://super.abril.com.br/saude/ouvido-absoluto-447768.shtml

1 de setembro de 2010

Distraído pelo barulho - Superinteressante

Distraído pelo barulho - Superinteressante

Distraído pelo barulho

Desatenção e notas baixas na escola não são sinônimo de falta de inteligência. Às vezes o problema está na incapacidade de lidar com barulho, mas poucos médicos sabem disso.

por Fábio Peixoto

Por mais que estudasse, a paulista Glaudys Garcia não tirava notas maiores que 4. A mãe e os professores se esforçavam para lhe ensinar coisas simples, mas ela não prestava atenção em nada. Era insegura, distraída, tinha medo de falar ao telefone e não se concentrava nos livros. Acabou se isolando dos colegas. Depois de passar por vários médicos e psicólogos, sua mãe tentou um último recurso: levou-a a uma fonoaudióloga. Em três meses Glaudys estava curada. Hoje ela tem 13 anos e no seu último boletim não há nenhuma nota menor do que 6.
Pode parecer estranho, mas o problema era de audição. A menina, assim como outras centenas de milhares de crianças, sofria de desordem do processamento auditivo central, ou DPAC, um distúrbio reconhecido há apenas quatro anos que raramente é diagnosticado pelos médicos, mas pode estar afetando milhões de brasileiros. Em geral, a disfunção surge da falta de estímulos sonoros durante a infância. As estruturas do cérebro que interpretam e hierarquizam os sons se desenvolvem nos treze primeiros anos. Até essa idade, as notas musicais, as palavras e os barulhos vão lentamente nos ensinando a lidar com a audição. Justamente nessa fase, Glaudys pode ter tido problemas no ouvido que atrapalharam a entrada de sons. Acabou formando mal o seu sistema auditivo. Todos os inconvenientes pelos quais passou eram conseqüência disso.
Um dos principais sintomas da DPAC é a dificuldade em manter a concentração num ambiente ruidoso. “Quem sofre desse mal não consegue prestar atenção em uma coisa só”, diz a neurologista Denise Menezes, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Na sala de aula, não separa o que a professora diz do latido de um cachorro do lado de fora”, acrescenta.
A DPAC é comum nas grandes cidades, onde o barulho excessivo prejudica a percepção de estímulos sonoros e a poluição provoca alergias que bloqueiam a orelha com muco. Crianças que têm inflamações freqüentes nos ouvidos também podem sofrer da desordem. O pior é que, por ser pouco conhecida, a DPAC costuma ser confundida com falta de inteligência ou com alguma deficiência mental. Mas, como mostra o caso de Glaudys, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
O mundo é barulhento demais
Para uma vítima de DPAC, o mundo se transforma numa interminável confusão de barulhos desconexos e embaralhados de onde é quase impossível pescar os sons que realmente interessam (veja infográfico). O ar-condicionado vira um zunido infernal que se sobrepõe às vozes dos outros. O telefone torna-se uma máquina indecifrável, porque o cérebro não consegue decodificar a fala do interlocutor em meio à distorção normal de qualquer ligação. Também não é fácil entender a entonação das frases. Uma pergunta pode soar como uma afirmação e uma ironia acaba parecendo a frase mais séria do mundo. Os amigos acabam se afastando, já que ninguém gosta de conversar com alguém que não entende o que os outros dizem.
A fala também é prejudicada. “Os processos de linguagem se desenvolvem ao mesmo tempo que os de audição”, explica a fonoaudióloga Liliane Desgualdo, da Universidade Federal de São Paulo, pioneira no diagnóstico da DPAC no Brasil. “Uma criança pode não aprender a falar bem se não souber lidar com os sons.” A leitura acaba igualmente afetada. “Mesmo num lugar silencioso, uma pessoa com DPAC encontra problemas em entender um texto porque, para tanto, é necessário associar as palavras ao som que elas têm”, conta a psicopedagoga Ana Silvia Figueiral, de São Paulo. Todo esse esforço para realizar atividades corriqueiras é demais para o cérebro. Chega uma hora que ele não resiste e “desliga”. Por isso, as vítimas do problema são sempre muito distraídas.
Enfim, tudo se torna uma tarefa dura. O ouvido até percebe os sons, mas o cérebro, iludido pela falta de estímulos na infância, não sabe o que fazer com eles. Os médicos geralmente não percebem a disfunção porque ninguém desconfia que sintomas tão variados possam estar todos ligados à audição, menos ainda quando constatam em exames que o ouvido funciona normalmente. E, se o diagnóstico não é feito, não há como curar (veja quadro à direita).
Reaprendendo a escutar
A DPAC só foi reconhecida nos Estados Unidos em 1996, quando a Associação Americana de Fala, Linguagem e Audição chegou a um consenso sobre seus sintomas e suas formas de tratamento. Ainda se sabe pouco sobre as causas – a falta de estímulos sonoros está entre elas, mas suspeita-se também de razões genéticas e de má alimentação. “Uma coisa é certa: a desordem está relacionada à classe social”, afirma Liliane. Ela fez uma pesquisa em colégios de São Paulo e constatou que, nas escolas particulares, entre 15% e 20% das crianças têm DPAC em algum grau. Nas escolas públicas, onde há uma proporção bem maior de alunos pobres, o índice chega a alarmantes 70%. A razão disso é que crianças mais pobres geralmente ouvem menos música, têm mais inflamações no ouvido, menos acompanhamento de pediatras e psicólogos e se alimentam pior, o que também pode prejudicar a formação do sistema auditivo. Infelizmente, a imensa maioria delas carrega esse estorvo para a idade adulta sem ao menos desconfiar que a cura pode estar ao alcance da mão.
Para Saber Mais
Processamento Auditivo Central – Manual de Avaliação, Liliane Desgualdo Pereira e Eliane Schochat, Editora Lovise, São Paulo, 1997.
fpeixoto@abril.com.br

Algo mais

Se um bebê toma mamadeira deitado, existe a perigosa possibilidade de o leite ser acumulado atrás dos tímpanos, prejudicando o desenvolvimento das vias auditivas. Todo o cuidado é pouco, porque a capacidade de receber sons se forma até os 2 anos.

A culpa é do ouvido

Alergias na infância podem acabar prejudicando a atenção e o desempenho escolar.
Mal urbano
Nas grandes cidades é comum crianças terem alergia causada pela poluição. Dependendo do caso, o muco se acumula atrás dos tímpanos. Essa é uma das causas de problemas no processamento auditivo.
Lápis insuportável
Quem teve problemas de audição na infância pode ficar com os neurônios do tronco cerebral mal conectados. O resultado é que sons triviais, como o de um lápis que cai, tornam-se insuportáveis. Fica impossível concentrar-se numa prova.
Anos cruciais
Até os 7 anos, se desenvolve a parte auditiva do tronco cerebral, importante para localizar a origem dos sons e notar um barulho entre vários.
Bem formado
Aos 13 anos, um menino saudável completa o desenvolvimento auditivo. Os neurônios de suas estruturas já são muitos e estão bem interligados.

Tudo é difícil

Situações banais viram obstáculos para um deficente auditivo.
Sem graça
Por não notar sentidos escondidos, o deficiente auditivo é incapaz de entender muitas piadas.
Falso rebelde
Na escola, como ele não é capaz de ordenar os sons, fica difícil entender as aulas. O professor muitas vezes acha que o menino desafia sua autoridade, pois não consegue seguir atividades simples.
Onde está?
Vítimas do distúrbio não conseguem saber de onde vem um som. É que o cérebro não pode calcular sua origem, uma operação que exige o processamento simultâneo do que ouvem os dois ouvidos.
O que faço?
O menino deficiente não sabe o que fazer com a bola porque não consegue entender o que os colegas gritam. Ele se desconcentra nos momentos que exigem a hierarquização dos sons.

Como funciona o tratamento

Apesar da gravidade do problema, a DPAC tem cura.
Uma das principais responsáveis pela pesquisa da terapia para o distúrbio no Brasil, a fonoaudióloga Liliane Desgualdo conta que o tratamento consiste em dar às pessoas os sons que elas deveriam ter ouvido durante as fases de desenvolvimento do processamento auditivo. Mesmo após os 13 anos, as áreas auditivas do cérebro podem ser aperfeiçoadas, desde que sejam submetidas a uma grande quantidade de estímulos. Uma das atividades é fechar o paciente em uma cabine e submetê-lo a vários sons misturados, acustumando-o aos poucos a distinguir um do outro. A terapia dura de seis meses a um ano.
A equipe de Liliane, uma das poucas especializadas no assunto no país, tem conseguido curar 80% dos pacientes que chegam às suas mãos – dos 20% restantes, pouquíssimos não apresentam alguma melhora.
Além do tratamento fonoaudiológico, é importante que haja também um acompanhamento psicopedagógico. "Os maiores danos da DPAC são na auto-estima. Depois de curado, um sujeito pode ainda se achar incapaz", alerta Ana Silvia. Afinal, não é fácil para um ex-paciente se acostumar com a idéia de que é inteligente depois de ter passado décadas acreditando que não é.

ADEIPA

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Teste da Orelhinha


Publicada Lei sobre obrigatoriedade das Emissões Otoacústicas Evocadas ao Nascimento

Sancionada a Lei nº 12.303, de 2 de agosto de 2010, que torna obrigatória a realização do exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas em todas as crianças nascidas em todos os hospitais e maternidades. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União do dia 3 de agosto.
A triagem auditiva neonatal universal (TANU) conhecido como teste da orelhinha, consiste no rastreamento auditivo de todos os recém-nascidos (RN) antes da alta hospitalar e as emissões otoacústicas é uma etapa desse processo (ARAÚJO, ALMEIDA E ARROYO, 2005).

Emissão Otoacústica (EOA), também chamado de teste da orelhinha, está relacionado ao funcionamento normal da cóclea e da orelha média. Considera-se que as emissões otoacústicas são um fenômeno que ocorre na região pré-sináptica, ou seja, antes de se efetuar a conexão das células ciliadas externas com a sua via aferente, fornecendo dados sobre a função coclear (AZEVEDO,2003; ARAÚJO, ALMEIDA E ARROYO, 2005).

Processamento Auditivo


IDENTIFICANDO  O INDIVÍDUO COM ALTERAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL



Ouço mas não entendo” 
“Meu filho só ouve quando quer”
“Ë desatento”
“Fala errado”
“Vai mal na escola”

            Estas queixas frequentemente  estão presentes em indivíduos com Desordem do Processamento Auditivo Central  . Geralmente são acompanhadas de manifestações comportamentais tais como dificuldade de compreender predominantemente em ambiente  cujas condições acústicas  estão inadequadas , ruidoso por exemplo; dificuldade de compreender palavras com duplo sentido, exemplo piadas; problemas de produção fonoarticulatória envolvendo sons da fala como o [r,l,s,ch] , como por  exemplo pronunciar   sapéu  ao invés de chapéu  ; dificuldade de memorizar as regras da lingua    presentes na linguagem expressiva; dificuldade de compreender o que lê; desempenho escolar ruim , em  várias matérias como leitura,gramática, ortografia, matemática; dificuldades de ajustamento social ; tendência ao isolamento por sentirem-se frustrados ao notarem suas falhas na escola ou no lar ( PEREIRA,1996).

  • Processamento Auditivo- O que é?

O Processamento auditivo é o caminho que o som percorre desde a orelha externa passando pelas vias centrais auditivas até o córtex cerebral.
O desenvolvimento do Processamento Auditivo ocorre desde os primeiros anos de vida, completando sua maturação na puberdade. É a partir das experiências interativas com o mundo sonoro, que se aprende a ouvir e a falar.  

  • Distúrbio do Processamento Auditivo

Define-se como uma dificuldade em lidar com as informações que chegam pela audição. É um transtorno funcional da audição, onde a criança detecta os sons normalmente, mas tem dificuldades de interpretá-los

Considerando que crianças com dificuldades de aprendizagem ou alterações de processamento das informações auditivas têm pouca compreensão da fala na presença de ruído, e que salas de aula e lares são comumente ruidosos, isso aumenta a dificuldade dessas crianças compreenderem a fala nesses ambientes.

  • Manifestações Comportamentais

Atenção prejudicada
Dificuldade escutar e compreender em ambiente ruidoso
Problemas de linguagem expressiva envolvendo regras da língua
Problemas de produção da fala (/r/, /l/)
Dificuldade de compreender palavras com duplo sentido (piada)
Problemas de escrita quanto a inversões de letra
Dificuldade de compreender o que lê
Distraídos, agitados, hiperativos, muito quietos
Desajustados (ou brincam com crianças mais novas ou com adultos mais tolerantes)
Tendência ao isolamento
Desempenho escolar inferior em gramática, leitura, ortografia e matemática
Localização sonora
Memória auditiva para os sons em sequência
Dificuldade com silabação – tempo e frequência

A disfunção do processamento auditivo não é surdez. A pessoa pode ter audição normal e, ao mesmo tempo, apresentar dificuldade para compreender bem o que é falado.


Se tiver alguma dúvida quanto à sua audição, procure a orientação de um fonoaudiólogo.